sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Radiação solar versus microorganismos maléficos

Equipamento utiliza madeira e tubos de alumínio carregados de terra, que, aquecida a uma alta temperatura, é livre de causadores das doenças das plantas

Garantir a produção de mudas sadias. Assim pode-se definir o objetivo principal da Embrapa Meio Ambiente ao promover a pesquisa com um coletor solar que combate microorganismos presentes no solo que favorecem a ocorrência de doenças futuras nas plantações das mais diversas culturas. O sistema é simples. O custo pode ser baixo. E o equipamento se utiliza apenas da energia solar para eliminar bactérias, nematóides e fungos das terras usadas na confecção das mudas.

Implantado recentemente em Cuba e em alguns países da África, a tecnologia vem sendo desenvolvida há cerca de 10 anos e já mostra que é possível aliar facilidade de manejo à preservação ambiental. Afinal, a simples caixa de madeira, com seis tubos metálicos, foi criada para substituir o brometo de metila, que foi proibido no Brasil em 2007 a partir da assinatura do Protocolo de Montreal, que prevê a o fim do uso da substância, responsável pela destruição da camada de ozônio.
De acordo com a pesquisadora Raquel Ghini, da Embrapa Meio Ambiente, ao contrário do composto químico também conhecido como bromometano, o coletor solar não esteriliza o solo por completo, deixando os nutrientes necessários ao desenvolvimento das mudas, como o nitrogênio. Desta forma, o risco ambiental é menor e o trabalhador é quem sai ganhando com as menores chances de contaminação.
Raquel Ghini explica que a caixa contém seis canos, que não podem ser feitos de PVC, o que geralmente os agricultores questionam. São usados tubos de irrigação de alumínio, cortados com 15cm de diâmetro e 1m de comprimento. A parte superior da caixa é coberta por um plástico transparente. O custo para a confecção do equipamento chega a menos que R$500. Mas é possível reduzir ainda mais os gastos com sucatas. Já o plástico, que pode ser o de estufa, pode ser encontrado em lojas por no máximo R$15.
— É possível construir o sistema com materiais que não sejam de primeira. Por exemplo, o compensado naval usado no recipiente pode ser substituído por tábuas em geral. E isso não vai comprometer a eficiência do coletor. Agora, se o agricultor quiser tratar um volume maior de terra, tem que construir mais coletores e não aumentar essas medidas — ressalta a pesquisadora, completando que cada tubo tem duas tampas nas extremidades, onde a terra será depositada e exposta ao sol por um dia.
A energia solar aquece a caixa e os tubos chegam a uma temperatura de 70° durante a tarde. Com a terra devidamente aquecida, os microorganismos são degradados. Livre dos fungos, bactérias e nematóides, causadores de doenças nas raízes das plantas, o solo já pode ser colocado nos vasos, bandejas e sacos plásticos, onde serão produzidas as mudas. Raquel recomenda apenas a adubação com o cuidado de não utilizar água e materiais orgânicos que infestem novamente a terra com microorganismos. Os elementos adicionados devem chegar até a sua fase final de compostagem.
O equipamento de coletor solar não é patenteado. Cada produtor pode construir seu próprio equipamento. Os interessados podem acessar o link http://www.cnpma.embrapa.br/download/circular_4.pdf para obterem maiores informações ou entrar em contato com a Embrapa Meio Ambiente pelo telefone (19) 3311-2700.

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